terça-feira, 2 de novembro de 2010

Terça-feira. Dia de finados.

Terça-feira. Dia de finados.
Você acorda, pega o celular ao lado: 08:12hr. Olha para o lado, e vê coisas espalhadas por cima de sua escrivaninha. Ao lado a TV desligada, e de fundo, ouve a risada exagerada da sua irmã mais nova. Levanta, põe os sapatos, e vai direto ligar a cafeteira. Enquanto isso, toma banho, e escova os dentes ao mesmo tempo; você finge estar realmente preocupado com o meio ambiente. Sai do banho, se veste, e se direciona para a xícara mais próxima, e enfim, bebe o café. O café queima levemente a ponta da sua língua, mas você não se importa com isso. E mais, você até gosta dessa sensação. A TV da sala está ligada no ultimo volume, sem ter uma viva alma a assistindo. Você desliga a TV. Você tem manias um tanto doidas que ninguém parece entender, como desligar uma TV, sempre que a vê ligada para as moscas. No fundo o resto das pessoas tem as mesmas manias estranhas que você, porém nunca falam sobre, aparentemente elas são "normais". Caminha até a janela da sala, e observa lá fora, sua irmã e duas de suas primas correndo e brincando numa intensidade inquetionável, como se o mundo fosse acabar naquele momento, e elas nunca mais poderiam brincar daquela brincadeira. Que por sinal, em minutos já vai estar esquecida na cabeça delas; crianças. E antes de dizer: "bobinhas", lembre-se que você já foi uma um dia, e gostava das mesmas coisas sem graça que elas. Você volta novamente para o quarto com a xícara de café em uma das mãos. Você sente que seu quarto é um lugar seguro, ali ninguém pode te machucar ou te incomodar. Coloca a xícara sobre a escrivaninha, ao lado do dicionário Aurélio, já um tanto amarelado. Liga o notebook, e imediatamente, abre o Media Player. Põe a primeira música, da primeira lista que, dias atrás em um momento de completo tédio e falta do que fazer, você criou. Em pouco tempo, as batidas da música que você colocou, começam a ecoar na sua mente; você sabe a letra completa daquela música, e fica cantarolando mentalmente, pois não gosta da sua voz, ainda mais pela manhã. Bebe alguns goles do café, e agora ele não estava tão quente quanto minutos atrás. Você tenta acabar com a bagunça da sua escrivaninhas, mas isso é algo totalmente impossível. Não importa o que você faça, sua escrivaninha vai sempre estar bagunçada. Você sendo a pessoa mais organizada do mundo ou não. Volta a beber mais alguns goles do café, você percebe que o mesmo está quase no fim. Música após música, minutos após minutos. Os minutos passam e se transformam lentamente em horas. Seu café termina. Agora, são 11hrs35min. Você deita na cama, afastando a coberta que a pouco você tinha arrumado. Você dorme. Agora o relógio marca outro horário: 15hrs. Você acorda, e as músicas ainda estão a tocar; baixo. Você perdeu o almoço familiar que não fazia nenhuma questão de estar presente. Você se sente aliviada por isso, ou quase isso. Você sai do quarto, e todos lhe perguntam se está bem; sua cara amassada por conta do sono responde por você. Sua garganta está doendo, e não deixa você comer nada, por isso, mesmo com calor, você volta a tomar café; é realmente um vicio. Logo volta para o quarto, afinal, é feriado. De que vale um feriado se você não fica o dia todo em seu quarto, fazendo absolutamente nada? Isso é o que chamamos de: sedentárismo puro. Abre a página do twitter, mas não diz nada. Apenas observa o que pessoas tem a dizer em um pequeno espaço de 140 caracteres; o que quase nunca é algo útil. As horas passam quase que se arrastando até a única pessoa que você verdadeiramente quer por perto, chegar. Finalmente ela chega, e agora sim, você pode dizer que tem realmente um motivo real para sorrir. Você deixa o café, as músicas, e o fato que não colocou nada no estômago de lado, e apenas fica por perto, caso ela precise. Enquanto isso, você tenta achar algo útil pra fazer. Você até encontra, mas como no fundo é perfeccionista, você acha que tudo de útil que você faz, se torna inútil na visão do resto do mundo, por isso insiste em tentar fazer as coisas do melhor jeito possível. Você até acha que fica bom, mas não tem a absoluta certeza disso. A noite chega, e a lua aparece meio tímida, escondida entre as luzes dos postes nas ruas, tão desertas quanto campos em dias de chuvas em um cidadezinha esquecida do interior. Ela vai embora, levando uma boa parte sua com ela. Mas amanhã ela volta, e isso é o que mais lhe dá forçar para abrir os olhos pela manhã. Ter certeza de que ouvirá aquela voz que prende totalmente sua atenção é um ótimo consolo em ter que deixá-la ir tão cedo. Agora você volta para a lista de músicas, e coloca a ultima do dia para tocar. Aquela que de uma forma estranha, tem um certo poder de acalmar e relaxar você. Deixa ela tocar, deixa ela tocar mais uma vez. E assim, seu dia termina. Você torce para que amanhã tenha algo de diferente, ou quase isso. Algo que pelo menos passe perto do "diferente", já seria algo positivo. 22:56. - my day it's over.

0 comentários: